quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Concepção de ciência

          Historicamente, o termo pesquisa tem sido associado a complexas elaborações de especialistas e estudiosos que tem produzido volumosos trabalhos ditos científicos, redigidos numa linguagem inacessível ao comum dos homens e que, via de regra, permanecem nas prateleiras das bibliotecas rotulados como coisa de intelectual e que, como tais, não tem nada a ver com a vida real. Essas produções têm sido reconhecidas como inúteis ou pouco utilizadas para resolver os problemas que tem afligido a humanidade (SILVA, 1991).
          Hoje, a comunidade ocidental de cientistas especializados tende a monopolizar a definição de ciência e a decidir o que é ou não científico. Além do mais, esta comunidade exerce uma nítida influência sobre a manutenção do status quo político e econômico que cerca o sistema industrial e capitalista dominante. Sob essas condições, evidentemente, a produção de conhecimento neste nível acha-se orientada para a preservação e fortalecimento do sistema (BORDA, 1999).
          Prega-se uma pretensa neutralidade objetiva para a ciência que passa a afirmar, categoricamente, sua independência em relação a qualquer subjetividade. Pautando-se por paradigmas puramente formais, a ciência se aliena da realidade social, reduzindo-se à função de simples fornecedora de justificativas ideológicas para a tecnocracia, fundando-se, sobretudo, no culto e na fidelidade ao que denomina racionalidade humana (SILVA, 1991).
          Nesse caso, a ciência se reduz a um conjunto de conhecimentos „puros‟ ou „aplicados‟ produzidos por métodos rigorosos, comprovados e objetivos. Verifica-se, todavia que esse modelo de ciência vem sendo seriamente questionado, na medida em que se verifica que o próprio objeto da ciência é construído por opções valorativas, com ativa participação da subjetividade do cientista, homem ou mulher, que se encontra inserido numa realidade. A ciência não passa de um produto humano, não podendo ser, portanto, pura, autônoma ou neutra, pois é seriamente marcada pela sociedade e, como tal, reflete e expressa inevitavelmente as suas características e suas contradições (SILVA, 1991).

Referências Bibliográficas

BORDA, O.F. Aspectos teóricos   da pesquisa participante: considerações sobre o significado e o papel da ciência na participação popular. In: BRANDÃO, C. R. (Org.) Pesquisa participante. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1999. P. 42-62.
SILVA, M. O. S. Refletindo a pesquisa participante. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1991. 195p.

Palavras chaves: agroecologia, agroecossistema, camponês, transição agroecológica


Nenhum comentário:

Postar um comentário